Vivemos um momento ímpar no cenário democrático do nosso país. Tivemos a oportunidade de vivenciar a fase de transição entre o período ditatorial e o surgimento da democracia, que assegurou ao cidadão até então castrado do seu direito de votar, o pluralismo ideológico onde ele tem plena liberdade para escolher os seus representantes e, através do exercício democrático do voto,conceder-lhe um mandato para representá-lo nas esferas federal, estadual e municipal.
Decepciona-nos encontrar, ainda hoje, inspirados no pensamento retrógrado da ditadura, velhos políticos contaminados pelos vícios trazidos dos tempos negros da imposição da vontade que, não obstante a nova realidade política nacional, fomentadora da liberdade de escolha, da oportunidade de participação de todos no processo político “com direito de votar e ser votado” tentam, explicita ou disfarçadamente interferir no direito de escolha dos demais cidadãos que, como eles, também gozam das mesmas prerrogativas.
Nesse cenário, vivendo na era da liberdade de expressão, da tecnologia de ponta, do pluralismo de partidos e ideologias, do Estado Democrático de Direito, sob a égide da Constituição mais cidadã de toda a nossa história, percebemos o quanto falta ainda para que o verdadeiro espírito democrático possa realmente imperar no processo eleitoral e revelar aos olhos das velhas lideranças uma oportunidade de repensar suas práticas e projetos.
Na era do coronéis, as pesquisas eleitorais se resumiam a um único resultado: Quando um eleitor era entrevistado já se sabia a resposta: em quem você vota pra governador? No coroné; e para Senador? No coroné: Para Deputado Federal? No coroné: Para Deputado Estadual? No coroné: Para prefeito? No coroné: E para vereador? Também voto no coroné. Percebe-se que o direito de escolha do cidadão, a liberdade de votar eram violentamente suprimidos pela concentração dos poderes nas mãos de um único chefe político capaz de conduzir as pessoas como verdadeiros animais a um único destino: O que fosse ligado aos seus próprios interesses. O cidadão era mais animal do que gente, sendo tratado como gado de um rebanho marcado, ferrado, porém, “gado a gente marca, tange ferra engorda e mata,mas com gente é diferente”.
O mundo evoluiu, o Brasil mudou. E, mesmo com todos os avanços alcançados pela prática democrática, ainda percebemos a interferência nociva dos “atuais” velhos coronéis que hoje ainda acham normal trocar um voto por dentadura, por material de construção, consulta médica, exame de vista, de urina e fezes, ultra-som, casas de todos os programas habitacionais federais, feira de vinte reais, passagem de ônibus etc. E tudo isso bancado com recursos do próprio povo! E justamente por isso, deveriam ser revertidos em favor desse mesmo povo, principalmente dos mais necessitados, em respeito aos princípios constitucionais que regem a administração pública em todas as suas esferas.
Com essas práticas, chegam a assumir o papel de benfeitor dos fracos e oprimidos e ainda se dão ao luxo de vender todo o seu rebanho eleitoral na campanha de prefeito, a deputados forasteiros, recebendo dos mesmos a ajuda financeira para arcar com os gastos de sua campanha, garantindo a eles a mesma votação nas suas campanhas. Só que, muitos, na maioria das vezes, são profundos desconhecedores da realidade local e que aparecem apenas nos períodos eleitorais para só retornarem de novo na próxima eleição.
Esse quadro está com os dias contados no novo modelo político vigente. O povo deve priorizar os candidatos da terra, da região, para que o voto depositado na urna se converta em ação política destinada a melhorar a condição de vida dos mais fracos, a engrandecer o município e a região como um todo.
Votar nos candidatos da terra não é crime, nem blasfêmia! É necessidade mais que urgente, para que os forasteiros não se apoderem dos votos locais devolvendo como retribuição pela votação recebida, o desprezo e o esquecimento.
Por isso, vereadores e lideranças locais optaram por votar nos candidatos que são da terra, porém, tal atitude, tem mexido com os brios dos que optaram por votar nos de fora.
Ora! Que ganhe Expedito, o meu candidato, que ganhe Nosman, Zé Mário, Wilson Braga! Eles ganhando, ganha Itaporanga, ganha o Vale, ganha a Paraíba, ganha a democracia!
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Gostar de rima e de verso,
É algo que me convém,
E o democrático processo,
Não o trate com desdém,
Ouça um conselho vital,
Não queira ser “animal”,
Do curral de seu ninguém.
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Vereador Francisco Saulo